Decisão judicial reacende possibilidade de candidatura do ex-governador, com impactos diretos nas articulações e alianças para as eleições estaduais.
Porto Velho, RO – Uma reviravolta na política de Rondônia pode estar a caminho com a recente decisão do presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Raduan Miguel Filho, de reanalisar o processo de improbidade administrativa que até então tornava o ex-governador Ivo Cassol inelegível. Caso a Justiça o considere apto a disputar eleições, Cassol pode concorrer novamente ao governo estadual em 2026 — fato que alteraria drasticamente o atual panorama eleitoral.
Com dois mandatos como governador e oito anos no Senado, Cassol segue sendo um dos nomes mais lembrados pela população, especialmente no interior do estado. Mesmo longe das urnas nos últimos anos, sua figura política nunca deixou de influenciar os bastidores. Seu possível retorno adiciona um novo grau de complexidade a uma disputa que até então parecia caminhar para uma polarização tradicional entre esquerda e direita.
Entre os principais afetados está o senador Marcos Rogério (PL), que lidera as pesquisas de intenção de voto e possui forte apoio do eleitorado conservador. Com a entrada de Cassol, esse apoio pode se dividir, obrigando Rogério a rever estratégias e alianças para não perder espaço.
Outro nome importante é o prefeito de Cacoal, Adailton Fúria (PSD), que já declarou publicamente admiração por Cassol e sugeriu que não será candidato ao governo caso o ex-governador decida entrar na disputa — uma possível sinalização de aliança.
O ex-prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), também se movimenta como pré-candidato, e recentemente chamou atenção ao aparecer ao lado de Cassol em um evento, o que gerou especulações sobre uma aproximação, mesmo após negar qualquer aliança formal.
Já o senador Confúcio Moura (MDB), conhecido por sua postura mais moderada e alinhamento com o governo federal, pode ver sua vantagem estratégica diminuída. Apesar de conservador, Cassol já demonstrou habilidade em dialogar com diferentes espectros políticos, inclusive com o presidente Lula, quando o interesse de Rondônia está em pauta.
O atual vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil) também aparece no cenário como potencial candidato, caso o governador Marcos Rocha opte por disputar o Senado. Com a possibilidade de assumir o Executivo estadual em abril de 2026, Gonçalves pode ganhar protagonismo, mas terá o desafio de sustentar sua candidatura em meio a nomes fortes e consolidados.
Contudo, o retorno de Cassol também traz dúvidas. Seu legado será testado diante de um eleitorado mais exigente, digitalizado e atento às transformações políticas. Fora das urnas há anos, ele ainda precisa provar que seu estilo político, marcado por posturas diretas e personalistas, continua relevante nos dias atuais.
Outro ponto de atenção é o cenário interno do Partido Progressistas (PP), sigla de Cassol há quase duas décadas. Com disputas familiares e reestruturações recentes, o comando da legenda em Rondônia passou para a deputada Silvia Cristina, enquanto o ex-governador mantém sua filiação. Além disso, a federação nacional entre PP e União Brasil torna a equação partidária ainda mais complexa no estado.
Em vídeo recente, Cassol garantiu fidelidade ao PP, mas afirmou que sua decisão será tomada em conjunto com a população e lideranças partidárias. “Não é o Ivo Cassol que decide, mas sim o povo do Estado de Rondônia”, declarou.
O possível retorno de Cassol à disputa não apenas reposiciona nomes e partidos: ele muda completamente o tabuleiro. Candidaturas são revistas, alianças repensadas e estratégias atualizadas. O que está em jogo vai além de uma eleição — é a redefinição de relevância política num novo tempo.
E, desta vez, o veredito não virá apenas da Justiça. Será o eleitorado quem decidirá se Ivo Cassol ainda tem força para governar Rondônia.
Fonte: Redação | Rondônia Dinâmica
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